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Pesquisa da APTA avalia treinamento alternativo de cavalos para esportes olímpicos


Objetivo é implantar programa de treinamento baseado no bem-estar animal e que valorize a integridade física e psicológica dos cavalos

O Polo Regional de Colina, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, desenvolve projeto de pesquisa para avaliar uma metodologia alternativa de treinamento para esportes olímpicos em equinos da raça Brasileiro de Hipismo. O objetivo é implantar um programa de treinamento para esportes equestre olímpico baseado no bem-estar animal, valorizando a integridade física e psicológica dos cavalos.

A pesquisa da APTA avalia animais durante a participação em provas de concurso completo de equitação (CCE), modalidade olímpica que compreende as etapas de adestramento, salto clássico e cross-country. “O desempenho dos animais nas provas será usado na elaboração de um índice de preparo esportivo e de estresse para avaliar a eficácia do programa de treinamento”, afirma Anita Schmidek, pesquisadora da APTA.

Os pesquisadores buscam implantar e avaliar um programa de treinamento para esportes olímpicos focando no bem-estar dos cavalos, promovendo a confiança dos equinos no cavaleiro e evitando danos físicos decorrentes do treinamento excessivo ou acidentes. A pesquisa é realizada em conjunto com a Associação Brasileira dos Cavaleiros de Hipismo Rural (ABHIR), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp Botucatu). Os pesquisadores buscam parceria com instituições privadas.

De acordo com Anita, muitos equinos participantes de provas hípicas são submetidos a treinamentos que não levam em conta o bem-estar animal. O desempenho esportivo deste grupo de animais será comparado ao desempenho esportivo dos cavalos submetidos ao treinamento proposto pela APTA. A pesquisa começou em 2012. “Esperamos transferir tecnologia do treinamento racional para esportes olímpicos equestres. Pretendemos promover a formação e treinamento de recursos humanos e fomentar o mercado consumidor de animais de qualidade para o esporte equestre”, explica.

Os animais usados no trabalho são oriundos do rebanho da raça Brasileiro de Hipismo (BH) do Polo Regional de Colina da APTA, composto por cerca de 60 matrizes. O projeto prevê, dependendo da equipe técnica disponível, a seleção de três a dez potros em idade de doma. A égua IZ Década é o primeiro animal a passar pelo treinamento. Em 25 participações em provas de CCE, com 15 concorrentes por categoria, aproximadamente, a IZ Década ficou entre os quatro melhores em 56% dos testes, tendo ganhado em 20% destes. “É uma égua bastante premiada pelo tempo de treinamento, e o mais importante, tem demonstrado reduzido índice de refugos, nunca tendo refugado – quando o cavalo se recusa a passar por certo obstáculo – no salto, tendo hesitado em passar por obstáculos do cross-country apenas duas vezes, o que pode ser considerado raro. Isso mostra a confiança dela no cavaleiro”, diz a pesquisadora. Em cada testes realizados, cerca de 25% dos cavalos concorrentes refugaram na prova de cross-country.

Entenda como é feito o treinamento

Os pesquisadores da APTA propõem um treinamento que leve em conta as particularidades de cada cavalo. O objetivo é que o animal assimile todo o treinamento e consiga realizar as exigências das provas de forma natural. Para isso, o cavalo deve permanecer em determinada categoria até que esteja apto a realizar uma categoria acima.

Segundo Anita, o que determina a mudança de categoria é a habilidade demonstrada pelo cavalo. Frequentemente, a categoria que o cavalo participa é determinada por sua idade, independentemente de seu nível de treinamento ou habilidades e dificuldades particulares daquele equino. É comum cavalos serem desafiados, no sentido de serem inscritos em categorias acima das quais estariam preparados, com o objetivo de poupar tempo de treinamento. “Para alguns cavalos, isto funciona. Mas em muitos casos, este tipo de prática conduz a lesões físicas e traumas psicológicos, abreviando a vida útil esportiva, ou não permitindo atingir o potencial esportivo daquele animal. Nossa proposta é respeitar as individualidades de cada animal. É fazer com que ele assimile cada fase de treinamento, até que o faça de forma natural”, afirma.

A pesquisadora da APTA explica que a grande parte dos animais precisa repetir a mesma categoria de prova de três a cinco vezes, mesmo que tenham alcançado bons resultados, especialmente nas categorias iniciais. “No treinamento convencional, se o cavalo vai bem a determinada categoria, ele não a repete. Ele já passa para um nível mais difícil, por vezes, pulando categorias intermediárias. Isso, de certa forma, força o animal e pode prejudicar o seu desempenho em longo prazo, quando ele deveria estar no pico do seu desenvolvimento esportivo”, explica.

O pico esportivo dos cavalos, de acordo com a pesquisadora da APTA, ocorre dos dez aos 15 anos. Se o treinamento for feito de forma errada, sem respeitar seus limites, o animal pode chegar a essa idade com lesões ou traumas, e assim não alcançar os resultados esperados. “O que ocorre é que muitos treinamentos, na ânsia de conseguir resultados rápidos, acabam prejudicando o animal. Hoje, no Brasil, há uma dificuldade de cavaleiros que participam de grandes eventos, como as Olimpíadas, encontrarem bons animais, no pico do desempenho esportivo, em parte, pelos treinamentos inadequados”, afirma Anita.

A pesquisadora da APTA explica que apesar do processo de doma de equinos ter evoluído bastante nas últimas décadas, com a crescente aplicação da técnica racional – em que leva em conta o bem-estar animal – há poucos estudos sobre as técnicas de treinamentos iniciais de equinos destinados a esportes olímpicos. “Observamos nos treinamentos e nas provas hípicas fortes indícios de utilização de técnicas tradicionais, em que o homem domina e o equino obedece por medo”, afirma a pesquisadora. Como indícios desse tipo de treinamento, Anita cita as provas de salto com elevado número de derrubes de obstáculos, cavalos que saltam muito acima da altura dos obstáculos ou mesmo que se recusam a transpô-los.

“As pesquisas realizadas pelos institutos de pesquisa ligados à APTA compreendem todo o setor agropecuário no Estado. Trabalhos como esse mostram a diversidade de nossas pesquisas e a importância delas para o setor produtivo. Essa técnica será transferida ao setor e, com certeza, agregará valor aos animais”, afirma Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Segundo Jardim, uma das recomendações do governador Geraldo Alckmin é diminuir a distância entre a pesquisa e o setor de produção.

Polo Regional de Colina da APTA é referência em pesquisas com cavalos

O Polo Regional de Colina da APTA é referência brasileira em pesquisas com cavalos. A raça Brasileiro de Hipismo, por exemplo, tem um dos seus pilares de formação na unidade de pesquisa da Agência, que realiza estudos de reprodução, melhoramento genético, sanidade, sistema de criação e nutrição de equinos. Os trabalhos são realizados desde a década de 30.

A égua IZ Xilena, criada na unidade de pesquisa, é o animal brasileiro que mais participou de grandes eventos esportivos. A IZ Xilena foi ouro nos Jogos Pan Americanos da Argentina (1995) e prata no do Canadá (1999). Além disso, o animal participou dos Jogos Olímpicos de Barcelona (1992) e de Atlanta (1996) e dos Jogos Equestres Mundiais de Roma (1998).


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A verdade sobre os bastidores do maior 4 patas domesticado. Explorado no trabalho, esportes, eventos religiosos, etc. Uma vida de dor e depressão que passa desapercebida pela maioria das pessoas. Um final triste para servir de iguaria em alguns países. 
Esta obra tem um caráter educativo para estudantes, esclarecedor a ativistas e protetores, fonte inicial de pesquisa para qualquer pessoa interessada no aprofundamento sobre o tema.
Conta com a parceria direta e indireta de ativistas, protetores, grupos e agências de notícias.
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